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 “Pai” da arqueologia catarinense recebe homenagem póstuma na Alesc

Publicado em 21 de Agosto de 2015

O padre João Alfredo Rohr, considerado pelo Centro Brasileiro de Arqueologia como o “pai” da arqueologia catarinense, recebe homenagem póstuma nesta segunda-feira (24), às 19h, no Plenário da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Por indicação do deputado Padre Pedro Baldissera, Rohr receberá o Título de Cidadão Catarinense. Na mesma sessão o Colégio Catarinense, instituição onde Padre Rohr atuava, recebe homenagem pelos 110 anos de fundação.

Padre Pedro acredita que o título resgata a importância do trabalho de Rohr para uma área importante da ciência no País. “O trabalho dele influenciou muito a arqueologia catarinense, e balizou pesquisas científicas importantes para determinarmos questões cruciais sobre os povos que habitaram o Estado, seu modo de vida, entre outras informações”, destaca Padre Pedro.

A historiadora e doutora em geografia Teresa Domitila Fossari afirma que Rohr é o “maior escavador brasileiro” e lembra que o legado de descobertas que ele deixou no Estado. Aos 33 anos Padre Rohr chegou ao Colégio Catarinense (biografia abaixo), em Florianópolis, e escreveu um extenso trabalho sobre a etnologia indígena do Estado de Santa Catarina, publicado nos Anais do I Congresso de História Catarinense, realizado em Florianópolis (SC), em 1948. A botânica também despertou seu interesse, dividindo estudos com colegas como Canísio Orth, estudioso e manipulador de plantas medicinais. De 1950 a 1951 publicou trabalhos sobre três grupos de plantas (Felicíneas, Pteridófitas e Orquídeas).

Porém o campo em que Rohr se consagrou foi a arqueologia. Adquiriu, pela instituição que dirigia, a coleção que Carlos Behrenheuser, constituída por 8 mil objetos dos sambaquis, e 80 mil fragmentos e vasilhas de cerâmica Guarani.

Em 1958 Rohr iniciou o levantamento de sítios arqueológicos e grandes escavações. A sua primeira escavação, medindo 200 m², no sítio Caiacanga-Mirim, junto à Base Aérea de Florianópolis, retirou 54 esqueletos humanos. Neste local, no século XII, encontrava-se uma aldeia de índios Xokleng. Em 1959 as pesquisas voltam-se para os sambaquis da parte insular de Florianópolis e de Imbituba. Em 1962 iniciou o estudo da Praia da Tapera, onde permaneceu durante 5 anos, escavando 2.000 m².

Foi ali uma de suas principais descobertas: uma aldeia que viveu entre os séculos IX e X de nossa era. De lá retirou 172 esqueletos humanos, toneladas de restos de alimentos, instrumentos lascados e polidos, artefatos em osso e concha e 4,5 mil fragmentos de cerâmica.

Quando ainda coordenava as escavações da Praia da Tapera, em 1966, resolveu ir para o Extremo Oeste catarinense estudar 53 sítios arqueológicos em Itapiranga. Nas barrancas do Rio Uruguai encontrou acampamentos humanos existentes há mais de 9.000 anos. Algum tempo depois focou seu trabalho no Planalto Catarinense, onde localizou e estudou 111 sítios arqueológicos em Urubici, Petrolândia, Bom Retiro e municípios vizinhos.

Lá se deparou com as chamadas “casas subterrâneas”, e também grutas, onde paredes continham inscrições rupestres. Nos anos seguintes, Pe. Rohr protagoniza um período de grandes escavações em diversos sítios costeiros, transformando a atividade num dos pontos fundamentais de seu trabalho.

História

Padre João Alfredo Rohr nasceu em 18 de setembro de1908 no município de Arroio do Meio, na região Central do Rio Grande do Sul, e morreu em Florianópolis no dia 21 de julho de 1984. Descendente de alemães, cresceu em uma comunidade cuja agricultura familiar era a principal atividade econômica.

Aos doze anos ingressou no seminário dos jesuítas em Pareci Novo (RS). Transferiu-se logo para São Leopoldo (RS), onde anos depois lecionou Aritmética, Italiano e História Natural. Foi na cidade que iniciou o interesse pela arqueologia, a partir de um museu que dispunha de diversas amostras de materiais. Aprofundou-se nos estudos de Filosofia e exerceu o Magistério, publicando artigos abordando História Natural.

Em 1939 foi ordenado sacerdote. Aos 33 anos foi designado para o Colégio Catarinense, em Florianópolis, instituição fundada e mantida pelos jesuítas. Lecionou as matérias de Física, Química e Ciências Naturais de 1942 a 1964, fortaleceu o museu já existente na instituição, hoje transformado no Museu do Homem do Sambaqui Pe. João Alfredo Rohr. A unidade reúne um grande acervo educativo e acadêmico, tendo como destaque as descobertas realizadas por Rohr nas escavações, assim como obras do século XVI, de Santo Agostinho, até o século XIX em edições especiais.

Foi nomeado Reitor da Comunidade dos Jesuítas e Diretor do Colégio, durante seis anos, e Presidente do Sindicato de Estabelecimentos de Ensino Primário e Secundário de Santa Catarina. Entre diversas obras, foi um dos responsáveis pela construção do castelo de pedra, no Morro das Pedras, junto à Lagoa do Peri, no Sul da Ilha, um verdadeiro cartão postal da cidade, além de importante centro para encontros e eventos, Manteve atividade pastoral com a população de Florianópolis de forma intensa ao longo de todo período em que esteve na Capital.


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