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 Mostra aponta para valorização do vinho de SC dentro do Estado

Publicado em 23 de Julho de 2018

A 7a Mostra do Vinho Catarinense, que aconteceu no último final de semana (21 e 22 de julho), em Tangará, deixou claro o potencial do setor vitivinícola em diversas regiões do Estado. Além de significativa para a economia, com mais de 6 mil famílias envolvidas diretamente na produção de sucos, espumantes e vinhos, a cadeia produtiva da uva e do vinho também carrega elementos gastronômicos, culturais e turísticos que geram renda e descortinam uma Santa Catarina que poucos conhecem.

Com mais de 30 expositores, o evento reuniu desde rótulos premiados internacionalmente até vinhos, sucos e espumantes de pequenas cooperativas e indústrias da região, com um público fiel, local e de dezenas de cidades do Estado. A sommelier e juíza internacional de vinhos Adri Wiest participou pela terceira vez consecutiva da Mostra, desta vez como visitante, e destacou a importância de difundir a produção vitivinícola catarinense dentro do próprio Estado.

“Eu cresci aqui nesta região (Meio Oeste) experimentando a cultura que envolve a uva, o vinho e os sucos. Sempre que posso retorno, como hoje. Acho fundamental não só popularizar o vinho, mas difundir esta experiência incrível que é a cultura da agricultura familiar e camponesa, dos sabores relacionados a ela”, afirma. Adri foi palestrante em simpósios realizados na 5a edição do evento, ainda em Florianópolis. “Precisamos mostrar para nossa população como é qualificada a produção dos nossos agricultores e vitivinicultores, e como a cultura do vinho não precisa ser algo elitizado, mas acessível”, complementa.

A necessidade de mostrar o produto catarinense dentro do próprio Estado fica clara quando os consumidores buscam vinhos locais e não encontram os produtos facilmente. “O vinho catarinense deve estar em evidência, como acontece no Rio Grande do Sul, onde a produção do Estado é prioridade”, defende o deputado Padre Pedro Baldissera, autor da Lei que criou o Dia do Vinho no Estado, e que motivou a realização da Mostra. O parlamentar também lamenta que, em muitas solenidades oficiais, o próprio Poder Público não priorize a aquisição de produtos catarinenses. “O consumo moderado de vinho traz benefícios à saúde. Enquanto na maior parte dos País produtores nós temos uma média per capta superior a 40 litros/ano, aqui não alcançamos 2 litros/ano. E, muitas vezes, não é dada uma visibilidade ao produto catarinense”, observa.

10 anos de um sonho

Esta edição da Mostra, a segunda realizada no interior do Estado, marca os 10 anos da Festa Camponesa da Uva (Fecauva), evento que em 2008 iniciou a articulação entre famílias de pequenos agricultores, instituições como a Cresol, prefeituras e a Assembleia Legislativa.

“É muito gratificante ver se transformar em realidade um projeto que começou lá na Linha Bracatinga, com famílias da agricultura, entidades e movimentos. Nós sabemos que há muito para fazer, mas tanto as leis quanto os projetos já em andamento mostram que conseguimos avançar”, diz Padre Pedro, que participa das articulações desde a Fecauva e foi responsável por apresentar, na Assembleia Legislativa, os projetos propostos por produtores e entidades durante os debates da Feira. O parlamentar destacou o trabalho da Cresol/Sicooper de Tangará, e a parceria da Epagri, Sindivinho, vinícolas, agricultores e prefeituras da região, no crescimento da vitivinicultura na região.

O prefeito de Tangará, Nadir Baú da Silva, ressalta a importância do setor para a economia da região e reafirma o interesse em manter, permanentemente, eventos de divulgação e valorização da vitivinicultura. “Tangará é a maior produtora de uvas do Estado e junto do turismo de aventura, com o Morro do Agudo (um dos melhores pontos para vôo livre do País), temos um potencial enorme para avançar ainda mais no enoturismo e na valorização da agricultura familiar”, observou.

Oficinas informam e popularizam

No sábado (21), além de simpósios dirigidos a produtores de uva e vinho, a Mostra promoveu pela quarta vez consecutiva as oficinas de degustação, que buscam aproximar o público de elementos mais aprofundados da degustação de vinhos e espumantes. O trabalho foi conduzido pela consultora e juíza de vinhos Márcia Maluf Palei, também responsável pelo projeto do Circuito de Caravaggio (veja abaixo). “O objetivo não é ensinar, mas chamar a atenção para as nuances que fazem da degustação uma experiência interessante. E estamos fazendo, todos os anos, excelentes safras divulgando o vinho de Santa Catarina”, comemorou Márcia.

A estudante Monalisa Guindani, de Tangará, foi uma das participantes da oficina e considera fundamental buscar mais informações sobre um elemento muito presente na história e na rotina dos municípios do Vale do Rio do Peixe. “Achei um curso muito completo. Já fizemos um grupo para realizar outras atividades e trocar informações sobre vinho”, disse. Monalisa também destacou a abrangência da cartilha distribuída na atividade, com diversas informações sobre a cultura da uva e do vinho, e aspectos técnicos da degustação.

O vice-prefeito de Tangará, Valmor Vivian, que também participou da oficina, destacou a variedade de novas informações que o trabalho traz às pessoas que buscam conhecer mais a cultura do vinho. “As pessoas passam a ter uma nova compreensão não só sobre o vinho, mas sobre toda cultura que cerca a produção da uva, do vinho, do suco e dos espumantes. Acredito que é importante, inclusive, ampliar a promoção das degustações em todas as regiões”, disse Vivian.

Para o artista Yuri Pasqual, as informações sobre a harmonização de vinhos e espumantes, com pratos típicos, foram o principal destaque da oficina. “A didática da Dra Márcia é ótima e é possível sair com um a compreensão bem interessante sobre a ligação entre a bebida e os alimentos”, complementa.

Circuito de Caravaggio

Na noite de sábado (21) aconteceu o lançamento do Circuito de Caravaggio, uma opção inovadora de enoturismo em Tangará. O projeto envolve sete famílias, num circuito de 25 km focado no turismo de experiência, com contemplação da natureza, gastronomia, religiosidade, esportes radicais e, é claro, vinhos, sucos e espumantes de qualidade.

A ideia surgiu depois do concurso de gastronomia realizado na 6a Mostra do Vinho, em Videira. A juíza de vinhos Márcia Maluf Palei, responsável pelo concurso e pelas oficinas de degustação realizadas no evento, conheceu a produção de famílias no interior de Tangará. Um dos produtos do local, o Doce de Uva Cascão, chamou a atenção pela qualidade e pela rusticidade. “Nós imediatamente pensamos na inclusão do doce na lista do Slow Food no Brasil, o que coloca não só o produto em evidência, mas toda a região”, explica Márcia.

A partir de uma visita de Márcia às propriedades surgiu o projeto do Circuito. “As paisagens, os gostos, são centenas possibilidades de experiências para as pessoas”, garante Márcia, que trabalhou de forma voluntária na formatação e organização do Circuito, em conjunto com a Prefeitura Municipal de Tangará.

O primeiro passo foi reunir representantes das famílias para uma oficina com Márcia, onde conheceram aspectos básicos da estrutura de recepção de turistas e acompanharam experiências semelhantes à implementada no Circuito. As estradas da região foram melhoradas e as placas indicando as sete propriedades do trajeto já estão instaladas. “Nós somos agricultores e continuamos a trabalhar com isso. Estamos investindo aos poucos para estruturar e oferecer uma recepção cada vez melhor”, explica Felipe Comachio, jovem de 23 anos que trabalha com os pais na propriedade.

Este é outro aspecto importante do Circuito, segundo o presidente da Cresol/Sicooper Tangará, Roberto Bonhenberger: a possibilidade de incremento de renda a partir de outras atividades, ainda vinculadas à agricultura, motiva a permanência no meio rural. “O êxodo de jovens do campo, em todo Estado, é um problema muito grande. Como garantir a permanência dos jovens, com renda e qualidade de vida? Estes projetos são alternativas interessantes”, observa Bonhenberger.

A mãe do jovem Felipe, Veronice Comachio, é quem faz o doce de uva que encantou enólogos e chefs, e que é uma das atrações do Circuito do Caravaggio. “É uma receita de família que nós sempre fazíamos, mas nunca imaginamos que fosse ter essa repercussão. Não só eu, mas os vizinhos também, todos estamos animados com a iniciativa”, conta dona Veronice. O vizinho, Pedro Longo, montou uma pousada rural em sua propriedade há 15 anos e não se arrepende dos resultados. “No início as pessoas duvidavam, mas estamos colhendo os frutos, principalmente nos últimos anos. O Circuito vai nos ajudar ainda mais”, prevê o agricultor, que trabalha na pousada e na propriedade com a esposa e os filhos.

O município também projeta ganhos com o turismo religioso, a partir de uma articulação que rendeu a Tangará uma das relíquias de Santo Antônio. Na abertura da Mostra do Vinho, na sexta-feira (20), foi apresentado o objeto vindo de Pádova, na Itália, e que atrai fiéis de diversas partes do País. A relíquia, que ficará exposta na Igreja Matriz de Tangará, é formada por fragmentos do osso rádio, do braço direito de Santo Antônio.

Fotos Solon Soares / Alesc


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